Textos escritos em aula em resposta à análise de rimas de Luís de Camões.


"Rimas" de Luís de Camões

 Alma minha gentil que te partiste

No poema “alma minha gentil, que te partiste” de Luís de Camões, o sujeito poético relata os seus sentimentos para com a morte da sua amada, deixando claro na primeira estrofe que embora ele se sinta triste, ela se encontra num sítio muito melhor. Ao longo do poema, este nunca diz concretamente que a mulher pela qual se encontra apaixonado morreu, dizendo no 1º verso que esta partiu e no 3º verso para ela repousar no céu, mas nunca usando o verbo falecer ou morrer, dando assim uma ideia de que ela não se encontra no meio de nós porque partiu para um sitio melhor, algo bom, melhor que a simples morte.

 Durante o desenvolvimento do soneto, o sujeito poético pede à sua falecida amada no 7º e 8º verso, que esta não se esqueça dele, nem do amor que ele ainda nutre por ela, mesmo depois de morta, dizendo que embora no assento celestial onde se encontra, “Não te esqueças daquela amor ardente, que já nos olhos meus tão puro viste”. O sujeito poético, chega ainda ao ponto de, nas últimas duas estrofes, pedir que ela use a dor e a mágoa que ele sente por a ter perdido, para rogar a Deus “que teus anos encurtou, que tão cedo de cá me leve a ver-te, quão cedo de meus olhos te levou”, deixando clara a saudade que sente, ao ponto de preferir morrer a ter de viver triste sem a mulher que ama.

 Os recursos expressivos utilizados pelo poeta ajudam-nos a entender a profundidade dos sentimentos do sujeito poético tendo em conta o tema do soneto. O poeta utiliza o eufemismo no 1º e 2º verso, para dizer que a sua amada faleceu (“que te partiste tão cedo desta vida descontente” e no 12º verso “que teus anos encurtou”), deixando claro o quão nova a sua amada era quando morreu. Algo recorrente nos poemas de Camões é o uso de metáforas, especialmente no que toca ao amor, como podemos observar no 7º verso quando ele diz “amor ardente” comparando o sentimento amor ao fogo, algo que arde, provoca dor, mas aquece, explicado assim o amor que o sujeito poético nutre pela sua amada. No 5º verso, o poeta usa uma perífrase para demonstrar a ternura que o sujeito poético sente pelo seu amor “se lá no assento Etéreo onde subiste”, utilizando a palavra etéreo que significa celestial para atribuir um estatuto de Deusa Pura à sua amada, quando podia ter simplesmente dito que ela tinha ido para o céu.

 A mensagem deste poema é de dor e tristeza, tendo em conta que o sujeito poético se encontra triste e magoado por ter perdido o amor da sua vida.

 Escolhemos este poema porque o achámos romântico e quisemos interpretar não só o que o sujeito poético relata, mas também a maneira como o poeta demonstra a dor sentida pelo mesmo.

Daniela, Maria, Jennifer

 

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"



O poema “Da alma e de quanto tiver”, de Luís Vaz de Camões, tem como tema a representação do sentimento amoroso, neste caso o amor contemplativo.

Na primeira estrofe, “ Da alma e de quanto tiver / Quero que me despojeis / Contanto que me deixeis / Os olhos para vos ver “ Camões afirma que a sua amada pode retirar-lhe tudo, incluindo a sua alma, excetos os olhos para que ele a possa ver e assim ser feliz.

Nos primeiros dois versos da segunda estrofe, “Cousa este corpo não tem / Que já não tenhais rendida”, ele quer dizer que todo o seu corpo está entregue a ela. E nos últimos dois versos dessa mesma estrofe, “Depois de tirar-lhe a vida / Tirai-lhe a morte também “, repete-se a ideia de que ela já tem tudo dele, ou seja, depois de ela lhe tirar a vida só lhe faltava tirar também a morte. Nestes dois versos é possível observar a existência de um paradoxo, pois trata-se de duas ações contraditórias.

Na última estrofe, “Se mais tenho que perder / Mais quero que me leveis / Contanto que me deixeis / Os olhos para vos ver”, Camões pretendia dizer que ela poderia tirar-lhe tudo o que tinha, se ainda houvesse o que retirar, deixando apenas os olhos, pois contentava-se apenas com o facto de poder olhar para ela.

Ao longo do poema é possível observar que o seu nível de entrega perante a sua amada vai aumentando pois ele oferece tudo o que tem e mais exigindo apenas que não lhe tire os olhos.

 A mensagem do poema é transmitida através da repetição do verso: “ Contanto que me deixeis / os olhos para vos ver “, com isto ele quer dizer que para ele bastava olhar para ela para ser feliz, isto é , não dependia do contacto físico nem do estatuto social deles pois o seu amor, talvez não correspondido, é expressado através do olhar.

Mara Filipa, Mariana Beato, Emilly Santos, 10º F


Catarina, Carolina

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.


 

 

 

Amor, que o gesto humano n'alma escreve,
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.

A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.

Jura Amor que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que é verdade.

Olhai como Amor gera, num momento
De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.

Luís de Camões Camões, L. V. de. 200 Sonetos. Porto Alegre: L&PM. 1998

Análise do poema: “Amor, que o gesto humano na alma escreve”

Dos poemas de Camões que lemos decidimos escolher “Amor, que o gesto humano na alma escreve”, devido à sua interessante mensagem.

Neste poema o sujeito poético encontra-se apaixonado e explica a sua visão e experiência no Amor, recorrendo às suas próprias emoções.

O primeiro verso deste poema remete-nos logo para a ideia que sujeito tem do amor, transmitindo-nos um grande impacto em relação ao tema. Neste verso está a ideia de que o amor aliado ao ser humano marcou a alma do sujeito poético.

Utilizando uma simbologia diversificada, como as rosas ou a neve, ele explica como se sente, revelando o quão importante o amor foi para ele.

Na estrofe seguinte, ele foca-se na sua vista caracterizando-a como sendo a fonte da sua dor e sofrimento, porém acha-a um alívio, como diz nos verso “,...que fazia/a dor ao sofrimento doce e leve.”.

Em seguida, apresenta o amor em fases, sendo a primeira a calma e a segunda a loucura, devido ao pensamento exagerado a que o sujeito se submete.

Por último, o sujeito diz que o amor é forte o suficiente para gerar lágrimas de alegria em momentos de tristeza.

Em todo este poema o sujeito avisa-nos dos efeitos do amor e o quanto ele nos pode alterar.  (sofia V, 10º G



Será que pode haver desgosto onde esperança falta?

 

O poema “Busque Amor novas artes, novo engenho” de Luís Vaz de Camões, fala sobre o desgosto com o amor.

Na primeira estrofe o sujeito poético expressa que podem tentar amá-lo ou destruí-lo, mas ele já não queria expectativas em relação ao amor, fala do Amor como se fosse uma pessoa e não um sentimento, ou seja atrubuí uma personificação ao amor.

Na estrofe seguinte, ele reforça que não tem esperanças, que está inseguro e perdido, como um barco no mar agitado, usando aqui uma metáfora.

No primeiro terceto, o sujeito poético refere que apesar de já não sentir desgosto pois já não tem esperança, ainda sofre apesar de ninguém se aperceber.

Na última estrofe, ele intensifica que há dias em que volta a sentir sofrimento e não sabe porquê.

Apesar de esconder quaisquer sentimento, durante as três primeiras estrofes no fim ele abre-se acerca do seu sofrimento causado pelo amor.

Carolina, Lucas, Sofia, 10ºG

Busque Amor novas artes, novo engenho, 
para matar me, e novas esquivanças; 
que não pode tirar me as esperanças, 
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho! 
Vede que perigosas seguranças! 
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde 
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto 
um não sei quê, que nasce não sei onde, 
vem não sei como, e dói não sei porquê.

Luís de Camões Camões, L. V. de. Sonetos. Lisboa: Livraria Clássica Editora. 1961


 

A violeta mais bella que amanhece
No valle por esmalte da verdura,
Com seu pallido lustre e formosura,
Por mais bella, Violante, te obedece.

Perguntas-me porque? Porque apparece
Em ti seu nome, e sua côr mais pura;
E estudar em teu rosto só procura
Tudo quanto em beldade mais florece.

Oh luminosa flor! Oh sol mais claro!
Unico roubador de meu sentido,
Não permittas que Amor me seja avaro.

Oh penetrante setta de Cupido!
Que queres? Que te peça por reparo
Ser neste valle Eneas desta Dido?

A violeta mais bela que amanhece

  O nosso poema é sobre amor. Pertence à medida nova, pois é constituída por duas quadras e dois tercetos, é portanto um soneto e o seu esquema rimático é abba/abba nas quadras e cdc/dcd nos tercetos. É utilizada uma flor, neste caso a violeta, para descrever a mulher amada pois as flores são símbolo de amor e fertilidade.

  A amada chama-se Violante com pele clara e brilhante. O sujeito poético refere que a flor violeta se inspira na Violante pela sua beleza e também devido ao facto de até o nome dela ter origem no nome da flor. O está sempre a elogiá-la realçando que a sua beleza não tem fim e que à medida que o tempo passa, fica cada vez mais bonita, assim como a flor, e desta forma é feita mais uma comparação.

  Ao longo do poema nota-se que o autor aparenta ter um carinho enorme por esta mulher podendo mesmo estar apaixonado, e por isso utiliza mais uma comparação, desta vez dizendo que tal como a violeta não vive sem sol, ele não vive sem ela, e ainda pede que o amor deles seja sincero e não materialista.

  Este poema é finalizado com um terceto que corresponde á chave de ouro, isto é, a síntese do poema, que inclui uma história com elementos da mitologia, a história de Eneias e Dido, onde Eneias apresenta cupido a Dido, e juntos fogem e vivem uma história de amor. Então o sujeito lírico quer ser o Eneias da sua amada Violante, quer que o cupido acerte nela para esta se apaixonar pelo autor.

 

Beatriz, Inês, Diana, 10º G